
Em meio a um cenário global de incertezas econômicas e instabilidade política, o Bitcoin voltou a brilhar. Nesta terça-feira (22), a principal criptomoeda do mercado ultrapassou a marca dos US$ 90 mil, registrando uma valorização de mais de 3% apenas no dia e acumulando uma alta de 21% no mês.
Esse movimento chama ainda mais atenção diante da queda simultânea de outros ativos tradicionais. O índice S&P 500, por exemplo, recua 6%, enquanto o dólar perdeu 5% de valor no mesmo período. Já o ouro — conhecido refúgio em tempos de crise — subiu 9%, sinalizando que o Bitcoin está seguindo a mesma rota e se consolidando como uma alternativa de proteção no portfólio de investidores.
Aumento da demanda institucional
Um dos indícios mais fortes desse novo posicionamento do BTC veio dos ETFs de Bitcoin à vista nos Estados Unidos. Só na segunda-feira (21), os fundos registraram uma entrada líquida de US$ 381,4 milhões — o maior volume desde janeiro. Foi o quarto dia de captação positiva em apenas cinco sessões, o que, segundo analistas, mostra uma demanda crescente por parte de investidores institucionais.
Além disso, a correlação entre o Bitcoin e as bolsas americanas está diminuindo. Enquanto o BTC historicamente costuma seguir o mercado acionário em momentos de estresse, essa relação caiu para 0,65 nos últimos 30 dias, de acordo com dados da Compass Point — bem abaixo da média histórica de 1,0.
Contexto político e reflexos no mercado
A recente escalada do Bitcoin ocorre em meio a tensões políticas nos Estados Unidos. O presidente Donald Trump tem pressionado o Federal Reserve por cortes imediatos na taxa de juros e chegou a ameaçar a permanência de Jerome Powell no comando do banco central. Com esse pano de fundo, investidores buscam ativos menos expostos às decisões políticas e monetárias — e o Bitcoin parece se encaixar cada vez mais nesse perfil.
Superando barreiras técnicas
Do ponto de vista técnico, o BTC acaba de ultrapassar uma zona de resistência significativa, entre US$ 88 mil e US$ 89 mil. Essa faixa reunia diversos obstáculos: a média móvel de 200 dias, a chamada nuvem de Ichimoku e a máxima registrada em março. Para Katie Stockton, analista da Fairlead Strategies, superar esse patamar pode abrir espaço para o próximo objetivo: US$ 95.900.
Um mercado mais maduro e resiliente
Apesar da recente alta ter ocorrido com menor volume de negociação, analistas apontam que o momento atual é de consolidação, e não de euforia — uma grande diferença em relação ao ciclo de alta de 2021.
Segundo relatório da gestora 21Shares, investidores de longo prazo voltaram a aumentar suas posições após a correção em março, enquanto a liquidez global dá sinais de recuperação. Esse cenário favorece uma nova fase de valorização mais sustentável.
Outro dado relevante é a força relativa do Bitcoin frente ao índice Nasdaq, que reúne as maiores empresas de tecnologia dos EUA. A razão entre os dois ativos está em 4,96, próxima do recorde histórico de 5,08, registrado quando o BTC bateu US$ 109 mil em janeiro.
Em resumo
Com a instabilidade nos mercados tradicionais e o aumento da confiança institucional, o Bitcoin reforça seu papel como possível reserva de valor. Mais do que um ativo de risco, a criptomoeda começa a ser encarada por muitos como um porto seguro — ao lado do ouro — em tempos de incerteza.